segunda-feira, 17 de junho de 2013

ESTILO DE VIDA, SABORES E ESCOLHAS



Cada vez mais estudos provam que dietas restritrivas para emagrecimento rapido são pouco eficazes a longo prazo, e não é só pelo problema da falta de força de vontade dos que acabam desistindo. Um estudo de 2011 indicou que privar-se de comida pode alterar os níveis de hormônios que controlam o apetite, embaralhando nossos compassos biologicos e nos fazendo comer ainda mais. Além disso, tem sido mostrado que estes tipos de dieta acabam por exacerbar uma "resposta emocional ao alimento".

O maior sonho de todo nutricionista certamente, é fazer com que seus pacientes aprendam a apreciar mais as alternativas saudáveis que as “tranqueirinhas”. Sempre escuto pacientes dizerem que a gordurinha do churrasco, a cerveja ou a pizzazinha do final de semana com refrigerante são um dos maiores prazeres da vida, seria possivel mudar este conceito?

Sabemos que a maioria das nossas escolhas alimentares são adquiridas ao longo da vida pela experimentação, ou seja, aprendemos a gostar, com as exceções do gosto inato para doce e o desgosto para o amargo. Ainda há duvidas sobre a preferência inata pelo sabor umami (não conhece? Clique no link no final deste texto), e há um debate polemico em relação ao sabor da “gordura”. Mas, fora isso, como estamos trantando de alimentos de uma forma geral, vamos supor que a maioria das preferências são aprendidas ao longo da vida.

As nossas preferencias alimentares podem ser adquiridas ou aprendidas de varias maneiras, uma delas é pelo “sabor coadjuvante”, que seria uma forma de condicionamento pavloviano. Por exemplo, se você bebe refrigerante, em um primeiro momento você acaba gostando por causa da sua preferencia inata pelo sabor adocicado. E então, quanto mais você bebe, mais você vai apreciando e tomando gosto pelos outras caracteristicas gustativas daquela determinada bebida (um exemplo é a estrategia das industrias de cigarro para ganhar novos consumidores, vendem tambem cigarros com sabor).

Um estudo de 2006, mostrou que o este tipo de condicionamento, ou aprendizagem de “sabor coadjuvante” pode ajudar as crianças a gostarem de legumes e verduras, demonstrando resultados animadores. No estudo, depois de serem alimentadas com brócolis adoçado, as crianças passaram a gostar do brócoli comum (sem açucar).

Outra forma de preferência por aprendizagem vem da sinalização fisiologica positiva após ingestão. Voltando ao exemplo do refrigerante, a glucose/açúcar envia uma mensagem positiva para o cérebro, porque essa é a sua principal fonte de energia. Mas você pode obter uma mensagem semelhante após consumir alimentos mais nutritivos. Dai, comer um prato com file de frango, arroz integral e brocolis pode vir a ser “um dos maiores prazeres da vida”. Mas essa mundança é demorada e precisa persistir para senti-la.

Tabém podemos gostar de determinados alimentos pela exposição repetida. Ao nos expormos repetidamente a praticamente qualquer tipo de estímulo, adquirimos uma familiaridade que gera o oposto do desprezo. Um estudo de 2010 mostrou que a degustação repetida por legumes fez com que um grupo de crianças passasse a gostar deles. E eu acredito que os mesmos métodos funcionem com adultos, mesmo sem ter encontrado um estudo semelhante com adultos.

Outra fator que podemos mudar é em relação ao nosso “limiar de paladar”, pois nós temos diferentes limites de satisfação com sabores. Estes limites podem ser determinados por um fator fisiológico (diferenças individuais de números e funcionamento de nossas papilas gustativas) tornando-nos mais ou menos sensíveis aos gostos, mas também com o tempo podemos nos acostumar com determinados níveis de doçura e salinidade. Por exemplo, se você tem o costume de toda vez bater o saleiro por cima da comida ja temperada, quando for experimentar uma dieta hipossódica vai achar a comida “sonsa”, por isso é muito relativo.

Eu por exemplo já cortei o açúcar da dieta, e hoje em dia não consigo mais comer meia colher de brigadeiro que já acho enjoativo.

As industrias de alimentos estão enfrentando a necessidade de reduzir o sal, açúcar e gordura de seus produtos, e as mais inteligentes já tem feito isso por conta própia de forma gradual já há algum tempo, pois o que acontece se você fizer isso de repente? As pessoas não iriam gostar mais de seus produtos. Mas executando a mesma mudança de forma gradual a longo prazo é possivel haver uma adaptação.

E para finalizar, não podia deixar de falar do problema de tempo e disposição, já que nosso estilo de vida moderno, correria do dia a dia, deixamos de parar pra pensar e escolher opções mais nutritivas, e acabamos optando, sem perceber, por opcões rapidas e de elevado teor calorico. A comida e nossas refeições, tornaram-se mais uma “problema” que temos que resolver. A solução é mudança de habitos, planejamento, saber escolher os alimentos, criando um ambiente em que acabamos comendo melhor e isso reflita em nossa sensaçao de bem estar e prazer, virando modo de vida e uma “dependencia”.
Uma forma é deixar disponiveis apenas opções saudáveis ao nosso alcance, preparando receitas saudaveis que podem ser congeladas e usadas durante toda a semana.

MUDAR NOSSOS HÁBITOS, NOSSA ROTINA.

Referencias:
• Sabor umami: http://exame.abril.com.br/ciencia/noticias/cientistas-identificam-o-umami-como-um-quinto-sabor-encontrado-em-alguns-alimentos-e-temperos
• Estudo de 2006: http://eetonderzoek.nl/publikaties/havermans_en_jansen_appetite2007.pdf
• Estudo de 2010:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20541572
• Estudo de 2011 pras referencia http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1105816